terça-feira, 28 de julho de 2009

Páginas amarelas da Veja

Parte da entrevista com a jornalista chinesa, Xinran Xue, na Veja de 22 de julho.

- A senhora quer dizer que é cedo demais para que a democracia chegue à China?-
R: Vou repetir uma lição que recebi de uma camponesa de Hunan, região onde nasceu Mao Tsé-tung. Entrevistei-a em 1995, quando já era jornalista, achava que sabia tudo, mas na verdade era ainda muito ingênua. A mulher trabalhava num campo de arroz. Perguntei a ela o que escolheria se eu lhe oferecesse três coisas: liberdade e democracia; marido e filhos; ou terra e dinheiro. Ela me olhou como quem diz: "Ah, você está tentando me enganar!". Respondeu que terra e dinheiro pertencem aos homens, não às mulheres. Sobre marido e filhos, disse: "Marido é quem manda em tudo e os filhos são a minha rotina", querendo dizer que aquilo ela já tinha. Então perguntou: "Mas quanto é a garrafa de liberdade?". Eu fiquei atônita: "Como assim?". Ela repetiu: "Quanto custa essa garrafa de óleo que você quer vender?". Foi aí que eu entendi: em chinês, a pronúncia da palavra óleo (you) é muito parecida com a de liberdade (ziyou). Ela achou que eu estava querendo lhe vender óleo.

- Quando ela entendeu que a senhora se referia a liberdade, o que achou da oferta?-
R: Mas ela não entendia essa palavra! Eu tive de explicar-lhe o que era e o fiz da forma que considerei mais simples. Disse algo como: "Bem, liberdade é você ter o direito de contrariar o seu marido quando você acha que ele fez algo errado. Liberdade é você ter o direito de dizer: 'Eu quero algo para mim, não para o meu marido ou para os meus fihos - um vestido bonito, uma comida gostosa ou um dia de descanso". Achei que, colocando desse modo, ela fosse entender. Em vez disso, olhou para mim e respondeu: "Que mulher tola você é! Isso não existe". Eu falei sobre liberdade, que é uma palavra muito mais fácil. Imagine se eu tivesse falado sobre democracia.
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:)

Um comentário:

amonobis disse...

Eu vou torcer. Moer.
Quebrar tudo pra colar tudo de novo.
Espremer até a ultima gota daquilo que eu já não sou mais.
Só pra nascer de novo.
Pra começar do zero.
Pra reverter o quadro.
De que adianta sangrar as mãos pra tocar o que não se sente?
Sentir o que não se vê.
Um pouco é quase o dobro pra quem não espera nada.
Só que eu não me contento com pouco.
E espero muito de tudo.
Não consigo ser tão pequeno.
Tão mundano.
Eu quero o que todo mundo olha e ninguém viu.
Não quero defesas, nem disfarces
Nem muros ou barreiras
Eu quero sentir o cheiro de terra molhada
De sal, maresia
Na praia em plena quarta-feira.
Eu quero férias de mim mesmo
Quero rimas ricas proferidas a esmo
Palavras ditas sem esmero
Pronunciadas com o único intuito de ser sincero
Verdade plena por um segundo
Mesmo que demore a vida toda
Tenho outras encarnações...assim espero.